
29/07/2025
Imagine que sua empresa está crescendo, as vendas aumentam e os clientes estão comprando mais. Mas, ao final do mês, você percebe que o lucro não está acompanhando esse crescimento. O faturamento aumenta, mas não sobra dinheiro no caixa.
A resposta pode estar na formação dos preços. Se os impostos não forem corretamente calculados e incluídos no preço de venda, sua empresa pode estar operando com margens menores do que o necessário – ou pior, vendendo produtos com prejuízo sem perceber.
A precificação correta não é apenas uma questão de competitividade, ela define se seu negócio será lucrativo ou se estará fadado a perdas financeiras. No Brasil, a carga tributária sobre produtos e serviços pode ser complexa, variando conforme o regime tributário da empresa, o setor de atuação e a localização do cliente.
Ao formar o preço de venda, é essencial considerar todos os impostos incidentes para garantir que os custos estejam cobertos e que a margem de lucro seja preservada. Os principais impostos que impactam o preço de venda incluem:
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): aplicável na maioria das operações comerciais e varia de estado para estado.
PIS e COFINS: impostos federais que incidem sobre a receita bruta, podendo ser cumulativos ou não cumulativos.
ISS (Imposto sobre Serviços): aplica-se a prestadores de serviços e varia de município para município.
IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): incide sobre produtos industrializados e pode aumentar significativamente os custos.
Uma precificação incorreta pode gerar dois grandes problemas:
Preços baixos demais (Margens reduzidas ou prejuízo)
Se os impostos não forem incluídos corretamente no preço, sua empresa pode vender abaixo do custo real. Isso reduz a lucratividade e compromete a sustentabilidade do negócio.
Preços altos demais (Perda de competitividade)
Por outro lado, se os impostos forem superestimados, os preços podem ficar elevados demais, afastando clientes e reduzindo as vendas.
O custo de um produto vai além do valor pago ao fornecedor. Inclua no cálculo:
Custo de aquisição;
Impostos incidentes na compra e venda;
Custos operacionais (logística, armazenagem, mão de obra);
Margem de lucro desejada.
A escolha do regime tributário impacta diretamente os impostos que sua empresa paga. Os principais regimes são:
Simples Nacional: ideal para pequenas empresas, mas pode ser desvantajoso em alguns casos;
Lucro Presumido: empresas com margens altas podem se beneficiar desse modelo;
Lucro Real: recomendado para empresas que podem utilizar deduções e créditos fiscais.
A precificação correta é essencial para garantir que sua empresa seja lucrativa e competitiva e para isso não podemos nos esquecer dos benefícios, também conhecidos como incentivos fiscais. Os incentivos fiscais são mecanismos utilizados pelo governo para estimular determinados setores da economia, a geração de empregos e o desenvolvimento de tecnologias.
A necessidade da criação desse tipo de estímulo surgiu na época conhecida como “República Velha”, mais especificamente no período da Política do Café com Leite. Neste momento histórico, aproximadamente em 1898, os presidentes brasileiros alternavam-se entre representantes de São Paulo e Minas Gerais.
Como consequência dessa construção social e política, a região sudeste do país se desenvolveu de forma muito mais rápida e intensa do que as demais. Os impactos você provavelmente já sabe: migração de populações do norte e nordeste para o centro do país, em busca de oportunidades de sustento.
Ainda que tudo isso tenha acontecido há muitos anos, os impactos ainda são sentidos por essas regiões. Para tornar as áreas mais competitivas e atrativas para grandes empresas — além de, é claro, favorecer a criação de vagas de emprego e melhora da qualidade de vida das populações locais — foram criados os incentivos fiscais.
Incentivos fiscais são benefícios concedidos pelo governo para reduzir a carga tributária de empresas e cidadãos, com o objetivo de estimular investimentos e o crescimento econômico. Eles podem ser concedidos em nível federal, estadual ou municipal e, geralmente, são aplicados a setores estratégicos que precisam de maior incentivo para crescer ou inovar.
A seguir, estão alguns dos principais tipos de benefícios fiscais disponíveis no país:
Simples Nacional
O Simples Nacional é um regime tributário voltado para micro e pequenas empresas, que unifica diversos tributos em uma única guia de pagamento. Esse regime reduz a carga tributária para esses empreendedores e facilita a arrecadação, tornando o ambiente de negócios mais acessível para pequenas organizações.
Lei do Bem
A Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005) concede incentivos fiscais para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. Empresas que realizam esse tipo de investimento podem obter deduções no Imposto de Renda e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), além de benefícios na depreciação de bens usados em atividades de inovação.
Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet)
A Lei Rouanet (Lei nº 8.313/1991) permite que empresas e cidadãos direcionem parte do imposto devido para financiar projetos culturais. Dessa forma, contribuintes podem apoiar diversas manifestações artísticas e culturais, como teatro, cinema e música, ao mesmo tempo em que obtêm benefícios fiscais.
Lei de Incentivo ao Esporte
Semelhante à Lei Rouanet, a Lei de Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/2006) permite que empresas e cidadãos deduzam valores investidos em projetos esportivos do imposto devido. Essa lei tem ajudado no desenvolvimento de diversas modalidades esportivas e na inclusão social de jovens carentes por meio do esporte.
Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT)
O PAT, criado pela Lei nº 6.321/1976, tem como objetivo incentivar empresas a oferecer alimentação de qualidade a seus funcionários. Empresas participantes podem ter deduções fiscais relacionadas aos gastos com alimentação dos trabalhadores, promovendo o bem-estar dos colaboradores e contribuindo para a melhoria da produtividade.
Incentivos fiscais para a Zona Franca de Manaus
A Zona Franca de Manaus foi criada para estimular o desenvolvimento da região Norte do Brasil. Empresas instaladas nessa zona podem usufruir de diversos incentivos fiscais, como isenção de IPI e reduções no Imposto de Importação, além de créditos do ICMS e isenções nas exportações.
Regime Especial de Tributação para o Setor de Tecnologia – REPES
O REPES (Regime Especial de Tributação para Plataformas de Exportação de Software) incentiva empresas do setor de tecnologia que exportam software e serviços de tecnologia da informação. Empresas cadastradas nesse regime podem ter benefícios como a suspensão da exigência do PIS e da COFINS sobre a receita bruta.
Incentivos fiscais para o setor automotivo
Programas como o Rota 2030, que sucedeu o antigo Inovar-Auto, oferecem incentivos fiscais para montadoras que investem em pesquisa, desenvolvimento e eficiência energética de veículos. Esses incentivos buscam tornar o setor automotivo mais competitivo e sustentável.
O Programa de Incentivo ao Carro Popular Verde, lançado pelo governo federal, visa reduzir o preço de carros novos produzidos no Brasil, através da isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para modelos com menor impacto ambiental. A medida, válida até dezembro de 2026, busca estimular a produção e o consumo de veículos mais sustentáveis.
Incentivos fiscais para o agronegócio
O agronegócio brasileiro conta com diversos incentivos fiscais, como a isenção de tributos para a exportação de produtos agrícolas e benefícios fiscais específicos para insumos agrícolas. Além disso, há programas estaduais que oferecem redução do ICMS para produtores rurais.
Incentivos fiscais municipais
Além dos incentivos federais, diversos municípios concedem benefícios fiscais para atrair investimentos e impulsionar a economia local. Exemplos comuns são a isenção ou redução do ISS (Imposto sobre Serviços) para empresas que se instalam em determinadas regiões da cidade.
Nem todas as empresas podem usufruir de incentivos fiscais. Alguns benefícios são restritos a determinados segmentos ou exigem o cumprimento de requisitos específicos, como investimentos em inovação ou a localização em zonas de desenvolvimento econômico.
Empresas interessadas em usufruir dos incentivos fiscais devem analisar sua área de atuação e verificar quais benefícios podem ser aplicados à sua atividade. Além disso, é fundamental contar com o suporte de profissionais especializados em tributação para garantir que a empresa cumpra todas as exigências legais e maximize os benefícios fiscais disponíveis na formalização dos preços e, consequentemente, maior lucratividade.
Fonte: Contábeis